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terça-feira, 14 de junho de 2011

Monja Coen - Uma Pessoa Real

O cantor, ator, escritor e apresentador (entre outras coisas) Ronie Von, sim, aquele chamado de Príncipe nos tempos da Jovem Guarda, tem um programa na TV Gazeta o Todo Seu que vai ao ar de segunda à sexta às 22 horas.

O programa é conduzido com a típica gentileza e elegância do apresentador e aborda assuntos interessantes e excelentes entrevistas.

Às quartas-feiras, há o quadro Grandes Mulheres, que traz personalidades femininas de todas as áreas.

No dia 8 de Junho, a entrevistada foi  cidadã Claudia Dias de Souza, ou como a maioria a conhece hoje, Monja Coen (Co:único En: nuven), uma canceriana que como a água que rege seu signo preencheu todos os espaços possíveis em uma vida.




Vocês sabem o quanto me interesso por filosofias e religiões, especialmente as orientais, por isso, a Monja é uma das personalidades contemporâneas a quem mais admiro, e assistir à entrevista foi um enorme prazer e só reforçou minha admiração.

Vou reproduzir aqui o que sou capaz de lembrar. Mas para quem quiser conhecer mais há o livro biográfico escrito por Neusa Steiner, Monja Coen - A mulher nos Jardins de Buda (Ed. Mescla 2009).

E a história dela é fantástica!

Me fascina pelos caminhos aparentemente tortuosos mas que descrevem uma busca pessoal daquelas de que falo aqui ou no Paz e Tal: é a busca pela vida real, o empenho em tornar-se aquilo que somos em essência, apenas pessoas.

A Monja vem de uma família tradicional paulistana, cristã como a maioria.

Casou-se aos 14 anos com o piloto de corrida Antonio Carlos Scavone e aos 17 já era mãe. E na minha opinião,isso a aproxima da realidade de muitas jovens brasileiras, principalmente se considerarmos que o casamento terminou ao mesmo tempo do nascimento da filha.

Prima de Arnaldo Batista e Sérgio Dias (dos Mutantes), conviveu de perto com o rock nacional, trabalhou como iluminadora em shows de rock, estudou direito, foi bailarina e jornalista em vários veículos pelo país.

Naquele período, muito se falava de revolução e a jovem "multi tarefas" começava a tentar entender o que seria isso, qual seu significado.

Ao mesmo tempo, admiradora do Pink Floyd e dos Beatles por suas músicas e letras que considerava inteligentes e pela incrível  capacidade de comunicação das bandas com seu público, a Monja observava que os componentes dos dois grupos, tinham uma atividade comum: meditavam.
E isso despertou nela a curiosidade pelo assunto. Passou a "testar" a meditação por conta própria.

Com certeza, o fato que mais me chamou a atenção na entrevista foi o de que chegou a ficar presa em Estocolmo na Suécia  por ser flagrada portando LSD.

A Monja comentou que evita falar da sua experiência com drogas, por temer que isso incentive os jovens a buscar na droga um sentido para sua vida.

Esclareceu que como muitos naquela época, o uso de drogas era uma tentativa de ampliação da consciência que camuflava a busca do sentido da vida, da existência de um Deus, de novas realidades.

 Segundo a Monja, o contato com diversos tipos de pessoas proporcionado pela atividade com o jornalismo,  fez com que se abrisse para o mundo.

Curiosa com as informações que recebia como jornalista, decidiu buscar por uma orientação melhor sobre meditação em Los Angeles nos EUA,onde o tema era muito estudado.

E foi ali, através dos estudos no Zen Center of Los Angeles que começou a descobrir, que os tais estados de expansão da consciência dispensam o uso de drogas ou outros elementos externos a nós.
 Que a a respiração e a meditação são os motores desta supra consciência que nos mostra também que a grande revolução é a do coração.

Era 1983 e logo depois, transferiu-se para o convento Zen Budista de  Nagoia no Japão para dedicar-se à sua nova opção de vida.

 Foram 12 anos de estudos intensos.

Considera os dois primeiros anos os mais difíceis já que não falava a língua.

 Refere-se a atitudes nada apropriadas àquelas pessoas, que muitas vezes creditavam à ela falhas cometidas.

Voltou ao Brasil em 1995 com o marido (também monje e 18  anos mais jovem) e passou a dirigir o Mosteiro  Busshinji,  no bairro da Liberdade em São Paulo.

 Tornou-se a primeira mulher não japonesa a assumir a  Presidência da Federação das Seitas Budistas do Brasil.

 Sua regência, trouxe uma mudança importante que não agradou muito aos líderes no Japão, a monja abriu as portas do templo aos brasileiros, traduziu textos trdicionais para o português, etc.... O fato de não ser japonesa, ser mulher e "facilitar" o acesso dos brasileiros aos estudos Zen Budistas, fez com que temposo depois fosse substituída por um dirigente, digamos, nos moldes trdicionais.

Assim, Monja Coen passou a reunir um grupo de seguidores na sala de estar de um de seus alunos. O grupo cresceu muito rapidamente e foi criada então a comunidade  Zen Budista Zendo Brasil no bairro do Pacaembu, onde a Monja ministra palestras,orientações e cursos.

Ronie Von a questionou sobre o porquê de as pessoas temerem tanto a morte. Monja Coen falou de nossa mente dualista que separa as duas coisas Vida e Morte, quando na verdade deveríamos analisar isso como vida/morte, um contínuo, um processo incessante e que não podemos nos esquecer de que a pessoa que se vai pela morte vai continuar a viver em nossas vidas, será por nós eternizadas.

Para ela, o mais importante é que tenhamos a compreensão de que com clareza e discernimento devemos atuar para a melhoria de todos, pois todos temos o direito à felicidade.

Para isso, é imprescindível que possamos compreender que o grupo, a comunidade, a cidade é mais importante do que o indivíduo. Que se eu fizer o bem para a cidade e a comunidade estarei trazendo o bem para a minha vida também. 

Espero que este texto desperte a curiosidade de vocês, independente da religião que pratiquem, aos sábios ensinamentos de Buda e seus seguidores.

Para encerrar, confesso que não foi fácil para mim elaborar este texto, ao contrário do que e o habitual. Vocês sabem, sempre escrevo de forma impulsiva, faço as publicações imediatamente. Mas minha admiração pela Monja Coen e a responsabilidade de abordar especificamente uma religião, em um país onde há tanta disputa nessa área, dificultou um pouco as coisa.

Eu, continuo pensando o mesmo: o que importa é a absorção de todo e qualquer conceito que nos leve ao respeito mútuo e à paz que virá como consequência.

Que vocês percebam, Monja Coen é uma pessoa real.


Para ler mais:
http://global.sotozen-net.or.jp/por/denomination.html


www.sotozen.org.br/historico/busshinji.htm


www.monjacoen.com.br


www.zcla.org

Um comentário:

  1. Maravilhoso seu texto e pra mim, especialmente na horinha certa. Qdo perdi minha mãe fiquei meio anestesiada pra dar conta de cuidar de todos, pai, irmãos, filhos e sobrinhos.... Menos de 2 anos depois perdi meu pai.... Perdi meu chão e fiquei inconsolável.... Era uma dor tamanha que eu não consegui suportar, fiz análise com uma psicóloga que me mandou num psiquiatra pra ser medicada, pq precisava dormir. Falo isto pra ilustar o quanto ler a "Monja Coen" foi tão importante. Quando a letargia e a vontade de não sair da cama passaram, comecei uma busca desenfreada por algo que acalentasse meu coração. Nasci católica mas sempre fui mto curiosa, encantada pelo mundo "zen". Tentei falar com um padre que me atendeu tão mal, olhava tempo todo pro relógio que deixei ele falando sozinho. Lia muito buscando respostas pra minha dor... bom, um dia olhando minhas agendinha encontrei umas frases da Monja. Pensei: é isto que preciso. Descobri que esquecer meu pai era como se eu estivesse traindo o amor que sentia por ele....Monja Coen foi um acalanto. Um amigo me ensinou a me despedir do meu pai sem sofrer. Monja Coen me ensinou que ele não tinha morrido, que eu poderia voltar a ser feliz sem me sentir culpada.... Ahhhh empolguei..rsss Maravilhoso! Adorei.Recomendo ambos. Seu blog e ler textos sábios da Monja. Beijos de algodão doce....Vc é linda demais..

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